Se você é motociclista e sentiu o preço do seguro da sua moto pesar mais no bolso este ano, saiba que não é apenas uma impressão.
Dados recentes do mercado de seguros revelam uma realidade preocupante: enquanto o custo do seguro de carro se mantém estável e competitivo, o seguro de moto acumula uma forte alta em 2025, chegando a custar, proporcionalmente, quase o dobro.
Mas por que essa diferença é tão grande e continua aumentando? O que faz com que proteger uma motocicleta seja tão mais caro?
Nesta análise completa, vamos mergulhar nos números, explicar os fatores de risco que as seguradoras avaliam e, o mais importante, dar dicas práticas de como você pode economizar na hora de contratar ou renovar a apólice da sua moto.
O Cenário em Números: Carros Estáveis, Motos em Alta
A principal fotografia do mercado vem dos índices IPSA e IPSM, desenvolvidos pela TEx (Serasa Experian), que medem o custo do seguro como um percentual do valor do veículo. Os dados do primeiro semestre de 2025 são claros:
- Seguro de Carro (IPSA): Fechou o mês de junho em 5,3%. Este índice se manteve notavelmente estável durante todo o semestre, oscilando entre 5,2% e 5,4%, e representa o menor valor para o mês de junho nos últimos cinco anos.
- Seguro de Moto (IPSM): Atingiu 9,9% em junho, subindo pelo terceiro mês consecutivo e igualando o pico de preço observado em dezembro do ano anterior.
Isso significa que, em média, enquanto o seguro de um carro de R$ 50.000 custaria R$ 2.650 por ano, o de uma moto de R$ 30.000 custaria R$ 2.970, um valor absoluto maior para um bem de menor valor.
Por que o Seguro de Moto é Mais Caro e Continua Subindo?
A resposta está na palavra risco. As seguradoras calculam o preço (prêmio) com base na probabilidade de terem que pagar uma indenização (sinistro). No universo das motos, o risco percebido é significativamente maior por várias razões:
- Índice de Roubo e Furto: Motocicletas, especialmente as de baixa e média cilindrada, são muito mais visadas por criminosos devido à facilidade de furto e à alta demanda por peças no mercado ilegal.
- Exposição e Fragilidade: O piloto está muito mais exposto em um acidente, o que aumenta a severidade dos danos corporais e, consequentemente, o custo de coberturas para terceiros.
- Custo de Reparo: Em uma colisão, mesmo de baixa velocidade, os danos em uma moto podem ser extensos e caros de reparar, muitas vezes resultando em perda total.
“Inicialmente, as seguradoras ofereciam apenas coberturas para furto e roubo de motos. Hoje, há uma gama maior de opções, como cobertura para perda total, responsabilidade civil e assistência 24 horas, permitindo ao consumidor ajustar o seguro conforme suas necessidades”, aponta Beto Faitarone, membro da Comissão de Seguro Automóvel do Sincor-SP (Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo).
Os 5 Fatores que Mais Influenciam o Preço do Seu Seguro
Os dados da TEx revelam exatamente onde o cálculo do risco mais pesa.
- Sua Idade: Jovens pagam muito mais. No seguro de moto, a faixa de 18 a 25 anos paga uma taxa média de 15,4%, mais que o dobro dos condutores com mais de 56 anos (7,0%).
- Onde Você Mora: A região metropolitana do Rio de Janeiro (13,9%) e a Zona Leste de São Paulo (15,0%) registram as taxas mais altas para motos, refletindo os maiores índices de criminalidade. Em contraste, Fortaleza (8,4%) tem um dos custos mais baixos.
- Fidelidade à Seguradora: Renovar o seguro é muito mais barato do que fazer um novo. Para motos, uma apólice nova teve taxa média de 10,5%, enquanto a renovação com a mesma corretora ficou em 7,9%. Uma diferença que pode significar centenas de reais.
- Tipo de Veículo: Nos carros, modelos mais baratos (entre R$ 31 mil e R$ 50 mil) têm um índice de seguro maior (8,7%) do que carros de luxo (acima de R$ 150 mil, com 3,4%), pois são mais visados para roubo e têm um custo de peças proporcionalmente maior. O mesmo se aplica às motos.
- Modelo Mais Visado: O Chevrolet Onix continua sendo o carro com o maior número de cotações de seguro no país. Entre os elétricos, o BYD Dolphin domina as buscas por proteção.
Guia Prático: 4 Dicas para Pagar Mais Barato no Seguro da Sua Moto
Apesar da tendência de alta, é possível adotar estratégias para reduzir o custo da sua apólice.
- Pesquise e Compare Cotações: Esta é a regra de ouro. Não aceite a primeira oferta. Use comparadores online ou consulte diferentes corretores. A diferença de preço entre as seguradoras para o mesmo perfil pode ser enorme.
- Seja Fiel e Negocie: Como os dados mostram, a fidelidade compensa. Antes de trocar de seguradora, entre em contato com seu corretor atual, mostre cotações concorrentes e negocie um desconto para a renovação.
- Instale Dispositivos de Segurança: A instalação de rastreadores ou alarmes pode reduzir significativamente o valor do prêmio, pois diminui o risco de roubo e aumenta a chance de recuperação do veículo.
- Ajuste as Coberturas: Se o orçamento está apertado, converse com seu corretor sobre personalizar a apólice. Contratar apenas a cobertura para roubo, furto e terceiros (RCF-V) pode ser uma alternativa mais barata do que um seguro compreensivo completo.
O cenário de 2025 mostra que o custo para proteger carros e motos segue caminhos opostos. Enquanto a forte concorrência e a redução de sinistros mantêm o seguro de carro estável, o alto risco associado às motocicletas continua pressionando os preços para cima.
Para o motociclista, a informação é a melhor ferramenta: entender os fatores de risco e adotar uma postura ativa na pesquisa e negociação é o caminho para garantir a proteção essencial da sua moto sem comprometer o orçamento.